quarta-feira, 29 de abril de 2009

um ano depois...

Meu Deus! Hoje faz exatamente um ano que eu não posto aqui. Assim estou totalmente sem inspiração e tempo pra cuidar desse espaço e pra produzir uns textos como eu fazia antes. Mas enfim, depois da monografia quem sabe?

Beijos. Até.

terça-feira, 29 de abril de 2008

Socorro! Polícia?!

Estive hoje mais uma vez no ambulatório do Hospital. No mesmo corredor se enfileram e esperam dezenas de mães-do-futuro-se-Deus-quiser-e-a-tecnologia-ajudar e, logo mais à frente, mães que acompanham seus filhos para o atendimento pediátrico. No mesminho lugar umas com o desejo realizado, outras com a vontade estampada nos exames, na conversa risonha com o neném dos outros, na espera pela vaga para a tentativa de inseminação. Vinte e cinco por cento de chance de dar certo – elas sabem.

Entre esses grupos maternais, o centro ginecológico, que trata de exames de rotina até prevenções de câncer no colo do útero. Até aí, tudo ok. Esse fosso determinado pelo presente e o futuro não deveria causar nada mais que um “anthropological blues” numa aspirante à antropóloga.

De repente, no meio do calor, criançada e TV ligada (sempre!), entram 3 homens. Nenhum deles acompanhando uma mulher – figura fundamental desta ala do Hospital – ou uma criança. Dois deles estavam vestidos com um colete da polícia civil e o outro, estava com as mãos para trás, algemadas. Estava todo vestido de branco, mas não era médico. A estranha presença deste trio no recinto causou apreensão, no entanto, não necessariamente pela figura do detento. Um dos policiais portava uma arma que parecia um fuzil, uma escopeta, sei lá. Uma daquelas grandes, que parece fazer um estrago danado, sabe?

O preso sentou e aguardou até seu nome ser chamado pelas auxiliares – como qualquer outro cidadão. Fora chamado. Caminhou até a sala de triagem para medir a pressão sanguínea. Naquele momento, se medissem a pressão de todos que lhe seguiram com os olhos até que a porta se quedasse semicerrada, certamente estaríamos em estado de pré-eclâmpsia! Do lado de dentro, como pude observar por alguns segundos até que o constrangimento acompanhado da consciência pesada me fizessem virar o rosto, vi o homem de branco, o policial que parecia seu pajem e o guardião da arma de fogo todos virados para a mesa sendo atendidos.

Depois de um tempo, saíram os três da sala em fileira e se sentaram novamente – somente o policial armado ficara de pé, fazendo nossa segurança. Fiquei pensando se era isso mesmo que ele estava fazendo ali, com aquela arma, num corredor estreito cheio de mulheres e crianças. Sei não... O perigo de aquela arma disparar por acidente ou tentativa de fuga do detento não faria de nenhum de nós uma criatura protegida.

Essa sensação de segurança não me em ocorrido quando em companhia da polícia. Por exemplo, ultimamente tem tido muito mais policias nas ruas aqui de Brasília. Sempre que vou dar uma voltinha no fim de semana dou de cara com pelos menos umas cinco viaturas da polícia militar rondando com as sirenes cor-de-rosa. Pra ser bem sincera, não me sinto segura. Tenho mais a impressão de que estou sendo vigiada, por todos os cantos. Fui parada numa blitz certa vez e o guarda, depois de vistoriar o meu carro para verificar se eu não estava portando drogas:

- Posso ir, tudo certinho?

- Eu espero que sim, né. Vamos ver.

A polícia é aquela que tem direito a invadir a privacidade, entrar nos recintos, parar os carros, fazer baculejos, causar constrangimentos, provocar desconfortos pela segurança dos cidadãos. Pergunto-me: aquele cidadão que volta pra casa sujo, cansado e faminto de um dia longo de trabalho e é parado, no caminho de volta pra casa, por um policial que nem sequer lhe pergunta o nome antes de jogá-lo contra uma parede, abri-lhe as pernas e imobilizá-lo está sendo cuidado ou violado? Seguro ou invadido?

Aquelas mulheres e crianças no corredor de espera do Hospital estavam se sentindo assustadas ou seguras? Com medo talvez? Medo de quem? Do quê?

Aquele moço de branco que fora aconselhado por uma moça do banco da frente a “não cair de novo na besteira” era realmente um cidadão como outro qualquer esperando atendimento?

Estive a ler nos últimos dias que fora incorporado aos direitos universais do homem (e da mulher!), que já incluía há muito o direito à segurança provido pelo Estado o direito à saúde e. incluído neste, o direito reprodutivo. Hoje, naquele corredor havia tudo e mais no que tocava o bojo dos direitos humanos. Só que... Sabe quando a gente aprende melhor com os contra-exemplos? Então.

domingo, 30 de março de 2008

Sagrada Família Moderninha

Estou reconsiderando o catecismo. Não somente pra disciplinar e orientar os pequenos no caminho da verdade e da vida ele deve servir – se é que serve -, há de ter mais serventia. Confesso que parei meus estudos catequéticos na primeira eucaristia. Depois tinha que fazer ainda a crisma e tal... Humm... Digamos que não rolou. Dos outros sacramentos restantes para a minha pessoa, não sinto aplicabilidade dos cujos em minha vida. Não pretendo me casar, não posso ser padre, não me confesso desde 199x e, adotando uma posição anticapitalista-funerária, fiz a opção de vida de não morrer - qualquer dia escrevo sobre essa postura.

Mas, por mais que eu não pretenda me graduar no caminho da luz, penso que existe uma utilidade prática para o catecismo na vida das pessoinhas. Pensando sobre a geração imediatamente anterior a dos menininhos cristãos, não podemos fechar os olhos para a quantidade de pais que não puderam levar a diante o pacto contraído perante Deus e sua igreja de ficarem juntos até que a morte os separasse. Não os julguemos, deve ser foda meeesmo.

Dentre todos os ensinamentos proferidos no catecismo, existe o básico: a história de Jesus Cristo. Acho que existe a parte que todo mundo conta e a parte que tem que ficar esperto pra sacar. Mais do que “probrezinho nascido em Belém”, o menino Jesus deve de ter sido um garoto como aqueles acordam cedo aos sábados para a aula na Paróquia: moleque, gosta de jogar futebol – torcedor fanático do Galiléia FC - , detesta as roupas que sua mãe lhe compra e mantém seu quarto religiosamente bagunçado. Pra mãe dele ser cheia de graça e paciência, imagina a criança!

Nessa bagunça toda, o rapaz não tinha muitas oportunidades de encontrar com seu pai. Deus ficava sempre sabe-se lá onde, trabalhando o dia todo, carregando o mundo inteiro nas costas. JC vivia, então, com sua mãe Maria, que manteve a sua guarda e refez sua vida com Zé, o carpinteiro. Morar com a mãe e com o padrasto, ver pouquíssimas vezes seu pai... Nada de extraordinário, não?

Penso que, terapeuticamente falando, as moças catequistas deveriam explorar mais esse lado da vida de Cristo. Quer maneira mais eficaz de encontrar identificação com a vida das crianças e , assim, encaminhá-las na trilha da santidade? E, pensando agora um pouco mais no bem estar dos filhos de pais desquitados, por que não dar a eles o conforto de saber que estão muito longe do Apocalipse por passarem os fins de semana em casas diferentes?

Dentre as cantigas de rezar, de ninar e de celebrar o Natal, deveria ter alguma de acalanto que contasse que mamãe e papai do céu eram separados, que se amavam muito, só que de outro jeito.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O samba não é meu, mas bem que podia.

Voltei do Rio de Janeiro há pouco mais de uma semana. Fui passar carnaval lá, sabe? Tem toda aquela coisa do famoso carnaval do Rio, a Globo transmite os desfile tudinho, as mulatas todas compram aquela pela de bronze com os ambulantes de Copacabana, uma beleza. Saí de casa sem qualquer expectativa com respeito a esse tipo específico de carnaval. A TV me mostra desde sempre as alegorias, as passistas, os destaques musculosos e lustrosos... Não era bem isso que eu estava procurando lá. Queria curtir samba, fato. E fato é que, durante o carnaval, as possibilidades de se ouvir samba aumentam exponencialmente, quanto mais no famoso Rio de Janeiro.
Pois bem, pé na estrada. Fazendo o caminho de ida pelas rodovias, cheguei ao litoral após dois dias de viagem tranqüila. Ótimo. Chegamos no Rio! Thessa diz:
- Põe um samba aí, gente!
Rosa pensa: Essa viagem promete.
Beleza, estamos no Rio, carnaval, festa, cerveja, aquela coisa... Mas e aí, cadê o samba. Tá, tá, tem samba pra danar na Sapucaí - que aliás, tive a singela e baratíssima oportunidade de visitar à distância e me dislumbrar com os carros alegóricos do desfile de segunda-feira. Mas não era bem esse o samba que eu fu procurar. Queria achar um samba de raiz, daqueles que o Chico fala que tem na Lapa. Pensei que era só ir à Lapa pra sambar. Ledo engano... Fui dois dias à Lapa e nadica de ouvir Candeia ou Paulinho da Viola. Tá certo que eu ouvi repetida e exautivamente o tal do "você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão", mas pera lá. Cadê o Cartola, minha gente?
O máximo que cheguei perto de um samba do jeitinho que queria foi na casa do meu amigo Túlio. Ele me mostrou o DvD da Beth Carvalho, cantando sambas da Bahia. Olha só que ironia. Despenquei no lugar errado! Acabei por descobrir, vendo esse vídeo, que a Bahia e o Rio brigam pela maternidade do samba menino. Bom, não sei quem pariu, mas tenho pra mim que não foi numa casa só que ele foi criado. Sabe aquela história do sujeitinho que morou um tempo da vida na casa da madrinha? Então.
Sei que na casa desse querido também tive oportunidade de ouvir com mais carinho os sambas que a Teresa Cristina canta. E já não era sem tempo. Ela tem um... uma candura na hora de cantar. Um respeito com quem batucou a tristeza bem baixinho pra não acordar os menino, entende? Foi ficando em casa que eu tive o prazer de ouvir um samba do bom.
E aí acabou o carnaval. E eu voltei pra minha casa. E pus mais Teresa pra tocar. E percebi que o samba bate em mim de um jeito mimoso, um jeito mãe-preta. Eu trago o menino pra dentro de casa como se fosse filho meu, cuido pra não passar frio. Mas, mais do que isso, descobri hoje à tarde na cadência da caminhada pro rumo de casa, que esse samba que deixa bambo o quadril e o sorriso frouxo é daqueles que dá uma invejinha... Uma ponta de saudade do tempo que o compositor viveu que deu a ele condições de escrever aquela coisinha preciosa que só ela. É bem por aí. Gosto tanto que até adoro esses sambas. Gostaria de tê-los feito. Quero inventar um qualquer dia desses. Até lá, eu só danço. E que não me faltem nem Rio e nem Bahia!

domingo, 20 de janeiro de 2008

Foi tão bonito

Ela é tão sem-pretenção-de-ser-pretenciosa, sabe? Chega com cara de serena e logo dispara suavemente com um sorriso dengoso que está nervosa. A casa está cheia - como não haveria de estar? Somente com flauta, acordeon e percussão de pandeiro e tamborim de dedo a moça-mãe libera sua voz de acalanto. E é só encanto. Todos quietos, calmos, envolvidos e ao mesmo tempo assustados com a potência da calmaria.
Ouço-la para dormir e acordar. Com paz, na boa... Ela canta sobre o que desconheço, mas gosto tanto. É o senhozinho apaixonado, a senhorinha bem quista, a mulher satisfeita de amor, o amor que ameaça não chegar pra quem não deixa. Ela fala bem, fala pouco e diz somente o que precisa. Nada de acessórios, nada além do que não esperávamos.
Estou tranqüila esses dias porque consigo ouvir mais a ela que as inquietações de dentro.
Salve Mônica Salmaso, mas sem devoção demais. Ela não é disso.

quinta-feira, 3 de janeiro de 2008

Ai, meu Santo Antônio!

Hoje saí com meu irmão para comprar um microondas. Não, calma, o daqui de casa está ótimo, funciona super bem. Meu irmão é padrinho de casamento de um casal de amigos, ou melhor, de dois casais de amigos e hoje acordou atordoado para comprar o presente do matrimonio mais próximo. Existe um convite de casamento, um vestido de noiva, um terno, vestidos das madrinhas, trilha sonora, nave central e, claro, um pajem – essa é a minha figura favorita de casamentos!

Desses elementos obrigatórios, existem sempre os mais pertinentes e, em vista desses, conseqüentemente, os menos pertinentes. Os mais eu já escrevi, os menos são a cor da fita do cabelo da sobrinha, o formato da cabeça do padre e o tamanho da tromba dos ex’s. Ai ai... Sempre existe um quantum de alegria solidária e de dor de cotovelo pra esses aí. Pros outros, ou melhor, pras outras – a se excluir as casadas ou noivas com casamento marcado – há uma parcela oscilante de felicidade abnegada e outra, permanente, até o seu próprio “vos declaro marido e mulher”, de in-ve-ja.

Para o meu irmão, o que lhe arrebatava, até hoje de manhã, era o item mais famigerado do programa de casamento: a lista de presentes. Muita cautela neste momento, há itens de todos os preços a serem contemplados pelo status de cada um no contexto cerimonial? e pelo seu poder aquisitivo socialmente reconhecido (leia-se: todo mundo sabe que você pode comprar o freezer, não me venha com a torradeira!) Meu irmão é padrinho e não está desempregado, é solteiro, mora com os pais... Isso o põe em situação de “privilégio” no quesito presente. Ele não pode comprar um grill George Forman, é muito amigo do noivo. Vamos nós para a loja de eletrodomésticos comprar um forno de microondas.

Depois de sondar as opções da lista de presentes, fazer uma pesquisa de preços na internet, chorar no ouvido do vendedor, lá está meu irmãozinho passando o endereço da entrega.

- Forma de pagamento, senhor?

- À vista, no débito.

No carro, meu irmão me contou que não passou o réveillon em Salvador por conta desse presente de casamento e do próximo, como eu disse, são dois casais de amigos. Mas logo tudo vem à forra:

- Esses com certeza serão meus padrinhos quando eu casar. Eles estão vendo os presentes massas que eu tô dando.

No momento futuramente oportuno, os papéis se invertem, e meu irmão vai colocar tudo que ele – e a esposa, é claro – quiser numa página da internet. Pelo tempo que vejo que vai custar pra esse menino casar, na lista dele vai ter TV de plasma com conexão banda larga, rádio-despertador que pega todas as freqüências num raio de 17 países, louças autolimpantes e auto-aquecedoras em inox e duas passagens de ida e volta para a Bahia de Todos os Santos.

Casamento de noivo e noiva, padrinhos e noivos, mãe chorona e lenços de papel. Tudo protocolar, minha gente.

Essa ainda é uma realidade distante pra mim. Meus amigos planejam o futuro com parceiro, cônjuges e tudo mais, mas sem lista de convidados, grinaldas, conta de gás...

Não sei... Enquanto meu irmão pechinchava o melhor preço para o melhor microondas da lista, eu caminhei pela loja e descobri gosto bastante daquelas geladeiras de duas portas.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007