quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

O samba não é meu, mas bem que podia.

Voltei do Rio de Janeiro há pouco mais de uma semana. Fui passar carnaval lá, sabe? Tem toda aquela coisa do famoso carnaval do Rio, a Globo transmite os desfile tudinho, as mulatas todas compram aquela pela de bronze com os ambulantes de Copacabana, uma beleza. Saí de casa sem qualquer expectativa com respeito a esse tipo específico de carnaval. A TV me mostra desde sempre as alegorias, as passistas, os destaques musculosos e lustrosos... Não era bem isso que eu estava procurando lá. Queria curtir samba, fato. E fato é que, durante o carnaval, as possibilidades de se ouvir samba aumentam exponencialmente, quanto mais no famoso Rio de Janeiro.
Pois bem, pé na estrada. Fazendo o caminho de ida pelas rodovias, cheguei ao litoral após dois dias de viagem tranqüila. Ótimo. Chegamos no Rio! Thessa diz:
- Põe um samba aí, gente!
Rosa pensa: Essa viagem promete.
Beleza, estamos no Rio, carnaval, festa, cerveja, aquela coisa... Mas e aí, cadê o samba. Tá, tá, tem samba pra danar na Sapucaí - que aliás, tive a singela e baratíssima oportunidade de visitar à distância e me dislumbrar com os carros alegóricos do desfile de segunda-feira. Mas não era bem esse o samba que eu fu procurar. Queria achar um samba de raiz, daqueles que o Chico fala que tem na Lapa. Pensei que era só ir à Lapa pra sambar. Ledo engano... Fui dois dias à Lapa e nadica de ouvir Candeia ou Paulinho da Viola. Tá certo que eu ouvi repetida e exautivamente o tal do "você pagou com traição a quem sempre lhe deu a mão", mas pera lá. Cadê o Cartola, minha gente?
O máximo que cheguei perto de um samba do jeitinho que queria foi na casa do meu amigo Túlio. Ele me mostrou o DvD da Beth Carvalho, cantando sambas da Bahia. Olha só que ironia. Despenquei no lugar errado! Acabei por descobrir, vendo esse vídeo, que a Bahia e o Rio brigam pela maternidade do samba menino. Bom, não sei quem pariu, mas tenho pra mim que não foi numa casa só que ele foi criado. Sabe aquela história do sujeitinho que morou um tempo da vida na casa da madrinha? Então.
Sei que na casa desse querido também tive oportunidade de ouvir com mais carinho os sambas que a Teresa Cristina canta. E já não era sem tempo. Ela tem um... uma candura na hora de cantar. Um respeito com quem batucou a tristeza bem baixinho pra não acordar os menino, entende? Foi ficando em casa que eu tive o prazer de ouvir um samba do bom.
E aí acabou o carnaval. E eu voltei pra minha casa. E pus mais Teresa pra tocar. E percebi que o samba bate em mim de um jeito mimoso, um jeito mãe-preta. Eu trago o menino pra dentro de casa como se fosse filho meu, cuido pra não passar frio. Mas, mais do que isso, descobri hoje à tarde na cadência da caminhada pro rumo de casa, que esse samba que deixa bambo o quadril e o sorriso frouxo é daqueles que dá uma invejinha... Uma ponta de saudade do tempo que o compositor viveu que deu a ele condições de escrever aquela coisinha preciosa que só ela. É bem por aí. Gosto tanto que até adoro esses sambas. Gostaria de tê-los feito. Quero inventar um qualquer dia desses. Até lá, eu só danço. E que não me faltem nem Rio e nem Bahia!