Mas, por mais que eu não pretenda me graduar no caminho da luz, penso que existe uma utilidade prática para o catecismo na vida das pessoinhas. Pensando sobre a geração imediatamente anterior a dos menininhos cristãos, não podemos fechar os olhos para a quantidade de pais que não puderam levar a diante o pacto contraído perante Deus e sua igreja de ficarem juntos até que a morte os separasse. Não os julguemos, deve ser foda meeesmo.
Dentre todos os ensinamentos proferidos no catecismo, existe o básico: a história de Jesus Cristo. Acho que existe a parte que todo mundo conta e a parte que tem que ficar esperto pra sacar. Mais do que “probrezinho nascido em Belém”, o menino Jesus deve de ter sido um garoto como aqueles acordam cedo aos sábados para a aula na Paróquia: moleque, gosta de jogar futebol – torcedor fanático do Galiléia FC - , detesta as roupas que sua mãe lhe compra e mantém seu quarto religiosamente bagunçado. Pra mãe dele ser cheia de graça e paciência, imagina a criança!
Nessa bagunça toda, o rapaz não tinha muitas oportunidades de encontrar com seu pai. Deus ficava sempre sabe-se lá onde, trabalhando o dia todo, carregando o mundo inteiro nas costas. JC vivia, então, com sua mãe Maria, que manteve a sua guarda e refez sua vida com Zé, o carpinteiro. Morar com a mãe e com o padrasto, ver pouquíssimas vezes seu pai... Nada de extraordinário, não?
Penso que, terapeuticamente falando, as moças catequistas deveriam explorar mais esse lado da vida de Cristo. Quer maneira mais eficaz de encontrar identificação com a vida das crianças e , assim, encaminhá-las na trilha da santidade? E, pensando agora um pouco mais no bem estar dos filhos de pais desquitados, por que não dar a eles o conforto de saber que estão muito longe do Apocalipse por passarem os fins de semana em casas diferentes?
Dentre as cantigas de rezar, de ninar e de celebrar o Natal, deveria ter alguma de acalanto que contasse que mamãe e papai do céu eram separados, que se amavam muito, só que de outro jeito.