Hoje saí com meu irmão para comprar um microondas. Não, calma, o daqui de casa está ótimo, funciona super bem. Meu irmão é padrinho de casamento de um casal de amigos, ou melhor, de dois casais de amigos e hoje acordou atordoado para comprar o presente do matrimonio mais próximo. Existe um convite de casamento, um vestido de noiva, um terno, vestidos das madrinhas, trilha sonora, nave central e, claro, um pajem – essa é a minha figura favorita de casamentos!
Desses elementos obrigatórios, existem sempre os mais pertinentes e, em vista desses, conseqüentemente, os menos pertinentes. Os mais eu já escrevi, os menos são a cor da fita do cabelo da sobrinha, o formato da cabeça do padre e o tamanho da tromba dos ex’s. Ai ai... Sempre existe um quantum de alegria solidária e de dor de cotovelo pra esses aí. Pros outros, ou melhor, pras outras – a se excluir as casadas ou noivas com casamento marcado – há uma parcela oscilante de felicidade abnegada e outra, permanente, até o seu próprio “vos declaro marido e mulher”, de in-ve-ja.
Para o meu irmão, o que lhe arrebatava, até hoje de manhã, era o item mais famigerado do programa de casamento: a lista de presentes. Muita cautela neste momento, há itens de todos os preços a serem contemplados pelo status de cada um no contexto cerimonial? e pelo seu poder aquisitivo socialmente reconhecido (leia-se: todo mundo sabe que você pode comprar o freezer, não me venha com a torradeira!) Meu irmão é padrinho e não está desempregado, é solteiro, mora com os pais... Isso o põe em situação de “privilégio” no quesito presente. Ele não pode comprar um grill George Forman, é muito amigo do noivo. Vamos nós para a loja de eletrodomésticos comprar um forno de microondas.
Depois de sondar as opções da lista de presentes, fazer uma pesquisa de preços na internet, chorar no ouvido do vendedor, lá está meu irmãozinho passando o endereço da entrega.
- Forma de pagamento, senhor?
- À vista, no débito.
No carro, meu irmão me contou que não passou o réveillon em Salvador por conta desse presente de casamento e do próximo, como eu disse, são dois casais de amigos. Mas logo tudo vem à forra:
- Esses com certeza serão meus padrinhos quando eu casar. Eles estão vendo os presentes massas que eu tô dando.
No momento futuramente oportuno, os papéis se invertem, e meu irmão vai colocar tudo que ele – e a esposa, é claro – quiser numa página da internet. Pelo tempo que vejo que vai custar pra esse menino casar, na lista dele vai ter TV de plasma com conexão banda larga, rádio-despertador que pega todas as freqüências num raio de 17 países, louças autolimpantes e auto-aquecedoras em inox e duas passagens de ida e volta para a Bahia de Todos os Santos.
Casamento de noivo e noiva, padrinhos e noivos, mãe chorona e lenços de papel. Tudo protocolar, minha gente.
Essa ainda é uma realidade distante pra mim. Meus amigos planejam o futuro com parceiro, cônjuges e tudo mais, mas sem lista de convidados, grinaldas, conta de gás...
Não sei... Enquanto meu irmão pechinchava o melhor preço para o melhor microondas da lista, eu caminhei pela loja e descobri gosto bastante daquelas geladeiras de duas portas.
3 comentários:
Aí dá vontade de ter um blog de novo.
(E a saudade de você, mesmo te vendo todo dia.)
Acho que eu amei você Rosa.
E acho que tô te amando agora.
Me diverti um bocado aqui.
Pra mim,o mais impressionante é o "à vista,no débito!"
O nome disso,aqui onde moro é PODER!!
huahuahuahuahhua
Até pq,em se tratando de casas Bahia,o hype mesmo é o crediário à perder de vista!!
uhhuahuahuhua
Beijíssimos,Dawson!
Seu irmão é muito ingênuo ou muito auto-confiante.
A gente tem que disfarçar algumas coisas na presença de antropólogos!
Postar um comentário